Devia ser por volta das duas da manhã. Talvez menos. Talvez mais. Tanto faz. Ninguém se importava com isso agora. Correção: Ninguém naquela casa se importava com isso.
O ar que entrava pela janela era quente. A sensação da pele de Bill na pele de Sookie era reconfortante. Principalmente depois de tanto tempo.Ela sorriu.
Bill já estava a sorrir.
"Eu nuncate vi sorrir tanto e por tanto tempo", ela comentou num sussurro. Palavras altas pareciam inadequadas para a situação que eles estavam; deitados, na cama, entrelaçados. Palavras altas podiam quebrar aquela atmosfera tranquila, calma, serena, amena, mágica que eles estavam a viver.
"Cento e quarenta anos, mais precisamente", corrigiu-a sorrindo. Sempre sorrindo.
"Sinto muito em desapontar-te, Bill, mas tu não te pareces nada com um vampiro agora." A voz de Sookie era risonha. Uma risada curta escapou dos seus lábios. "Na verdade eu não poderia achar um sorriso mais humano."
Bill expos os seus dentes.
Sookie estava errada. Mesmo sem aqueles dentes o sorriso dele nunca seria humano. Um sorriso humano não conseguiria reproduzir nem um terço da sensação que o sorriso de Bill causava no seu estomago.
Levemente, com muito cuidado, ele raspou os dentes afiados na clavícula nua de Sookie. Afastou-se um pouco para olhá-la nos olhos, mas Sookie puxou a sua cabeça de volta. Foi quase impossível para Bill resistir à veia pulsante que estava naquele mesmo lugar, em baixo da pele suave se Sookie.
Delicadamente ele tirou as mãos de Sookie de trás da sua cabeça e se afastou, como pretendia fazer no começo. Guardou as presas. "Não", falou de um modo suave.
"Mas por quê?"
Sookie parecia decepcionada, talvez até magoada. Bill não pode deixar de notar a contradição que ela era. Enquanto pessoas evitavam vampiros, Sookie corria atrás deles; Enquanto pessoas tinham medo de vampiros, Sookie enfrentava-os; Enquanto pessoas tinham nojo de vampiros, Sookie dormia com um deles. Com um. Com Bill. Somente com ele.
"Estás muito magoada, Sook" os seus dedos brancos e gélidos traçaram a pele arroxeada em volta do olho dela com tanto cuidado que mal a tocava. "Se eu tirar sangue de ti, o processo de cura só vai demorar mais ainda" beijou a bochecha quente dela. "E tu queres-te sentir humana."
"E o que tem?" perguntou quase como uma criança mimada. "Bill, vampiros necessitam de sangue. Eu não estou a fazer algo que não aconteceria com um humano. Os humanos fazem isso."
"Não por livre e espontânea vontade", ele emendou.
Ela revirou os olhos. Bill os beijou. Os dois voltaram a sorrir.
"O teu sorriso é lindo, Sook."
Sookie mordeu o lábio inferior levemente. Sem qualquer motivo aparente uma onda de vergonha tinha-a inundado.
"Tu devias sorrir tanto quanto agora. Ficas irresistível" traçou o contorno da boca dela com um dedo e depois beijou-a.
Sookie abriu a boca enquanto levava a mão esquerda até a nuca de Bill. A língua dos dois tocou-se uma com a outra – a de Bill sempre mais fria que a dela. Sookie passou um dedo pelo peito de Bill e sentiu ele se arrepiar. Sorriu por entre o beijo. Ela não sabia que vampiros ficavam arrepiados. De vagar, torcendo para que ele não percebesse o movimento de imediato, passou uma perna em volta do quadril dele. Sentiu a mão de Bill deslizando pela sua cocha. Mas então ele cortou o beijo.
"Bill..." gemeu de desgosto.
"Ainda não estás completamente bem, Sook."
"Mas eu estou!" Sookie bateu no peito dele sem se importar em magoá-lo – Bill não sentiria dor. "Eu estou acima disso. Eu estou viva. Perdemos tanto tempo, Bill. Tanto. Eu só quero aproveitar isso. Aproveitar-NOS até que eu tenha que eu tenha que ir trabalhar amanhã e ver todos lá. Ter que aguentar as implicâncias da Tara, o rosto triste da Arlene..." Sookie foi calada com um beijo.
Não pode evitar sorrir de novo. Bill inverteu as posições, ficando por cima. O lençol quente da cama em contato com a pele dela causou um contraste com a pele de Bill, também colada à sua.
Ele cortou o beijo, mas não deixou a pele dela. Preencheu todo o espaço do maxilar até o umbigo de Sookie com beijinhos. Quando beijou o lado do umbigo, ouviu a respiração de Sookie aumentar, ficar mais forte. Mais forçada. Olhou para cima. Lá estava o seu sorriso.
O sorriso que Sookie apenas deixava Bill ver.
Um sorriso que transmitia carinho, paixão, desejo, contentamento, felicidade, satisfação, e, talvez, até amor.
"Eu realmente adoro esse teu sorriso Sook" falou antes de começar a deslizar a sua mão pela cintura abaixo dela.
Porque, como ele tinha explicado antes, o sorriso dela era irresistível.